Primeiro Dia: asfalto e rípio – descobrindo Villa Traful

A partida foi logo de manhã “cedo”: 10 horas.  Os horários na Argentina, especialmente no verão, são muito mais “elásticos”. O povo sai às ruas mais tarde e as lojas e restaurantes também têm horários esticados. É comum ver pessoas almoçando em alguns locais às 16 ou 17 horas.  Neste período, a luminosidade do sol também vai até às 21 horas. Então, para que a pressa?

Saí rumo norte em direção à Villa Traful, pela conhecida Ruta 40. Os primeiros quilômetros foram em asfalto por entre lagos e montanhas incríveis. Parava a todo momento para fotografar as águas cristalinas com montanhas nevadas ao fundo. Mas logo em seguida veio a primeira experiência de pilotagem no rípio, na estrada que passa em frente ao Lago Traful.  O trajeto percorre praticamente toda a extensão do lago, indo até a divisa do estado de Neuquen com Rio Negro. A região é ocupada por grandes propriedades e por eventuais casas de veraneio por dentre florestas exuberantes. A segunda parte do percurso do dia me levaria de volta à Ruta 40, sempre pelo rípio. Mas desta vez o caminho passou por uma região de montanhas de arenito quase sem vegetação, subindo por uma estrada até chegar na montanha conhecida como Paso de Cordoba, dentro de um parque nacional.  A região parece um deserto lunar com uma beleza incrível!

Neste ponto eu já comecei a entender porque o rípio é tão bom de pilotar mas ao mesmo tempo pode ser muito traiçoeiro.  As estradas de rípio na Argentina são muito boas. Como chove pouco nessa época do ano, não há muitos buracos na estrada. As máquinas de terraplenagem das prefeituras passam por lá e tudo fica muito lisinho; quase perfeito. Então, o piloto de moto sente aquela confiança e aquela vontade de acelerar. Afinal, não tem buracos, não é? Tudo vai bem até o momento em que o piso firme se transforma em cascalho solto e aí a motocicleta começa a derrapar.  Uma derrapagem no rípio a uma velocidade de 60 km/h pode ser controlada. Mas acima disso é um perigo só. Eu diria que se o motociclista estiver a mais de 80 km/h é praticamente impossível segurar uma derrapagem e o tombo é certo! Eu penso que o grande desafio de pilotar nesse terreno é controlar a vontade de “enrolar o cabo” (acelerar forte). E foi o que fiz, pois a última coisa que eu queria era levar um tombo no “meio do nada”, na Patagônia…

Como eu estava fazendo um “passeio de verdade”, sem levar GPS nem rastreador por satélite e o sinal de celular era inexistente na maioria do tempo, combinei com o pessoal da MRP, que eu faria contato todos os dias ao final da tarde, após fazer o check in no hotel ou pousada. Caso eu não fizesse isso conforme combinado, eles saberiam que eu havia tido algum problema naquele trecho programado e mandariam a equipe de apoio a minha procura. E, graças a Deus, isso não aconteceu.

O final do dia foi na cidade de San Martin de Los Andes; uma belíssima e charmosa estação de veraneio e de esportes de inverno. O hotel era ótimo e localizado bem no centro da cidade, o que possibilitou fazer uma boa caminhada para conhecer o local e apreciar um belo assado de tiras (costelas) ao estilo argentino, regado a um bom vinho tinto.

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